quinta-feira, 28 de outubro de 2010

SOMENTE DIVAGANDO

Estou de volta.
Fui, fui até onde meu sorriso já não aparecia;
Fui até onde meus pés, descalços ou não,
Me faziam correr em agonia;
Numa correria ao abismo da alucinação.
Mas estou de volta.
Não vou dizer que não sinto saudade.
A liberdade me chama de volta pra lá,
Essa solidão de casa às vezes é pior;
Um cigarro no canto da boca compondo um visual,
Digamos silencioso e reflexivo;
Os pensamentos dessa criatura merda,
Que nada faz pra mudar seus instintos,
Que nada quer, a não ser seus instintos,
E sofre.
Eu sinto saudade de umas e outras;
Não das bebidas,
Mas das devidamente comidas,
Que eu deixei no passado.
Podem rir, porque esse é o drama.
Sim, na falta da vulgaridade explícita
De algumas camas,
Fico aqui lembrando o que fora
Meus medos e vendavais.
Ninguém estava lá no sonho que eu tive essa noite.
Meus fantasmas são ocupados demais
Pra me satisfazerem os desejos de lembrança.
Rio um pouco, mas às vezes cansa.
Sou meio babaca, meu bem!
Eu sinto muita falta,
Mas na maioria das vezes
Nem sei de quem.
E Maria Helena onde andará?
Por que lembrei disso agora, meu Deus?!
Minhas palavras são minhas,
Eu bem que podia mudar.
Mas eu prefiro maltratar os papeis;
Eu prefiro recordar a sujeira lúdica
De alguns motéis.
Afinal, moquifos existem pra deixar lembranças...
Drogas existem pra provocar lambanças...
De repente me deu uma vontade de divagar bem devagar...
Adoro uma tortura delirante numa madrugada brilhante!
Vai lá, meu bem!
O cara caiu na estrada!
De cara no asfalto, nem sonho nem nada!
Muito pó na cara...
E um corpo estendido na curva empoeirada.
Que vida maldita, meu bem!
Só mesmo quem volta sabe o valor que isso tem.


 

Cacau Rodrigues

Enquanto o mundo desaba... eu faço filosofia de botequim, meu bem!

Enquanto o mundo desaba em minha cabeça, eu corro pra janela e observo a chuva cair.

Vou analisando friamente cada momento, cada detalhe, cada fracasso, cada êxito, cada “cada” ocorrido, sentido, vivido, nesses anos todos. Nossa! Como tive tempestades!

Às vezes acho que sou como um imã que atrai somente forças negativas; às vezes acho que venho pagando uma dívida de outra vida; às vezes acho que algo se atravessou no meu caminho me fazendo sempre cair e recuar. Não sei bem se estou falando coisa com coisa.

Eu sobrevivi a todos os temporais. Todos! Até que resolvi buscar a calmaria do meu lar, do meu ser. Então haveria de encontrar a paz, não? Não. Só encontrei mais medo, mais tristeza, mais loucura, mais desespero, mais dúvidas, incertezas, mais escuridão.

A doença ronda a minha vida, como insetos rodeando a lâmpada; até que perdem as asas, caem, sofrem a natural mutação; e alguns morrem. O que acontecerá então? Não sei. Essa pergunta talvez não tenha uma resposta real, mas suposições. Estou meio “de saco cheio” dessa coisa de querer adivinhar o futuro, valeu? Eu não era assim.

Voltando às minhas bases, percebo que mudei pouco sim, mas mudei muito no que diz respeito ao medo. Hoje tenho medo. A incerteza me dá medo. Eu não era assim.

Quem são os meus amigos hoje?

Quem são os perdidos hoje?

Quem são os que nada são?

Quem são vocês que lêem tantas besteiras que eu escrevo?

Quem sou eu que só escrevo besteiras?

Eu mudei, cara!

Yes! Bingo! Eu malandrei pra outras bandas, valeu?

Hoje sei até fazer comida... rs

Falando sério, eu assumi a minha vida de verdade, a minha casa de verdade, as minhas preferências com a maior dignidade; eu meto no mundo a cara limpa, porque ninguém vai vir atrás de mim pra desfazer minhas bobagens. Ninguém vai poder andar atrás de mim. E ninguém vai chorar se eu morrer, meu bem. As duas pessoas que me esperavam voltar, na verdade uma está meio sem razão e a outra não tem mais gás pra tomar as rédeas da situação. Perdi, meu bem!

Tenho poucos amigos, e sei muito bem quem são.

Amor só te espera até dobrar a esquina, porque na outra rua a vida já muda de mão.

Estou aprendendo a ser só, mas sem viver na solidão.

Mas eu acredito em Deus. Não que eu não acreditasse antes; só que agora eu acho que nada é em vão.

É claro que eu me desespero, choro, e até já dei de cara com a minha tentação. Mas eu tive medo. Se eu cair agora, mundo afora, quem vai vir me levantar? Deixa eu andar, deixa eu caminhar... De pé e de vigília é o estado no qual devo ficar.

Parei projetos, estou beijando menos na boca... rs... Mas eu vou continuar.

Eu ainda sou mais eu! Quem me conhece sabe que “A Cacau Rodrigues não morreu”.

E solenemente, assim um pouco de repente, eu dou um viva à esperança!

Boas vindas, futuro incerto que virá pra me fazer sorrir ou me fazer chorar!

Anda! De pé, minha poesia! A vida nos espera, e não parece estar diante de nós pra brincar!



Eu posso ter errado, ter pecado (será?), posso até ter me “ferrado”. Mas o que eu sei é que posso encarar de peito aberto tudo que virá! Mesmo que seja alguma coisa má.

Quanto às coisas boas... Ah, as coisas boas eu sei muito bem o que fazer com elas... rs.





Cacau Rodrigues

sexta-feira, 23 de julho de 2010

PERFEITAS IMPERFEIÇÕES



Estava olhando atenciosamente seu corpo;
Percorrendo as linhas cuidadosamente,
Observando imperfeições naturais
De um corpo perfeito.
Seu sono era tranquilo e satisfeito.
Eu pude observar os caminhos,
A pele alva,
Um quase sorriso tímido
Acentuando a sedução desses lábios
Ligeiramente úmidos,
Disfarçadamente santos;
Que olhando assim,
Como que na tentativa de decifrá-los,
Uma pessoa qualquer que os observasse
Não imaginaria do que são capazes.
Ah, e esses seios...
Delicados mamilos na ponta dos meus dedos,
Distraindo a minha atenção por instantes,
Subornando segredos...
E fazendo a minha boca muito mais feliz que antes.
O sexo lindo...
Tão lindo...
Que naquele momento de repouso
Tinha uma aparência inocente até.
Uma penugem castanha,
Bem cuidada,
Devidamente aparada,
Macia e perfumada,
Exalando também um leve e excitante odor de prazer.
Fiquei ali, com toda a atenção no olhar,
Diante daquela vulva deliciosa,
Que eu saboreara um pouco antes;
E que, pela posição das pernas,
Mostrava-se fechadinha,
Sem o menor sinal daquela que se abre
E se oferece,
E se entrega,
E se esfrega,
E me enlouquece,
Até eu me perder,
Até eu não saber mais o que fazer;
E não se nega,
Porque sabe a arte de dar e receber.
E me faz querer ficar,
Querer correr;
E desatina os meus sentidos
Me fazendo me humilhar
E me render,
E me escravizar diante de você.
É, você,
Que na calmaria desse sono tranquilo
Mostra a linguagem perfeita do amor,
Como se o mundo dos amantes fosse assim;
Como uma imagem estática
De um dia, algumas horas,
Como aquela manhã de sol:
Uma troca plena de olhares,
De sorrisos e algumas palavras,
Objetivamente gentil e sem detalhes;
O momento exato em que nos conhecemos.
Nos vimos e nos sorrimos,
Nos falamos e nos gostamos imediatamente.
Alguma força fez “pra sempre” aquele instante,
Nossas vidas mudariam dali em diante,
E não há uma só inteligência que descubra
O que aconteceu.
Momento eternizado somente pra quem ama,
Como você
E como eu.

 


Cacau Rodrigues

sábado, 3 de julho de 2010

O BRASIL ESTÁ FORA DA COPA 2010 / Os "racionais" podem enfim comemorar



Acabou.
A seleção brasileira jogou hoje 45 minutos de um futebol que todos nós sonhamos ver nesta Copa. Jogou com personalidade, raça, amor, habilidade, fazendo jogadas que lembravam porque somos tidos como os melhores do mundo. Sim, parecia mesmo aquele Brasil pentacampeão. Chegamos a esquecer o time limitado convocado por nosso “soberano” técnico Dunga.
Veio o intervalo de jogo, e a seleção retorna do vestiário como se fosse o “qualquer um futebol clube”. Era um time previsível, sem inspiração, sem brilho, sem garra, sem graça; sem nada. E nada conseguiria fazer nos 45 minutos finais da partida. Assim foi.
Em dois lances de bola parada, a difícil seleção da Holanda mandou para casa o sempre favorito Brasil. Aliás, um dos gols teve como protagonistas o magnífico Júlio César, eleito melhor goleiro do mundo, e o herói-vilão Felipe Melo, que ainda aumentou a lambança conseguindo uma expulsão e deixando o time com 10, tornando a reação visivelmente impossível. Com a expulsão do “vilão” Felipe Melo, o herói do passe primoroso para o gol de Robinho, numa atitude totalmente desnecessária, demonstrando uma instabilidade emocional “cantada”, antes mesmo do início da copa, por todos os comentaristas e torcedores de bom senso, o Brasil adia mais uma vez o hexacampeonato mundial. Tudo bem, vai ficar para 2014, em casa! – dirão os torcedores apaixonados. E que, tomara Deus, assim seja! Mas a questão não é essa.
Analisando friamente, o que teria acontecido se Ronaldinho Gaúcho, Adriano, Ganso, Neymar estivessem entre os 23 convocados? Talvez não tivesse vindo a classificação, mas ao menos poderíamos ter tentado algo mais interessante, teríamos opções mais criativas no banco para o momento em que Kaká, Robinho e Luis Fabiano não estivessem mais rendendo ou simplesmente precisassem de ajuda. Mas o “coerente” Dunga, sempre “zangado”, não quis levar as “novidades” nem os bad boys da vez. Coerência dele, tristeza de 190 milhões de brasileiros.
O fato é que a Copa do Mundo desta vez não será nossa. Mas vamos dar um “vida que segue” pra tudo isso e um “valeu” para os jogadores que tentaram, sentiram e não têm culpa de terem formado um time limitado, justamente pela semelhança de características da maioria. Ainda assim, muitos merecem outra chance; desde que mesclados a jogadores habilidosos para que a seleção, em 2014, tenha no lugar da “coerência do treinador”, a criatividade, a ginga, e a inteligência desconcertante do futebol brasileiro.


Em tempo, agora os politicamente corretos, revolucionários e racionais de plantão, que acham que a Copa do Mundo só serve para desviar o foco do que realmente interessa, que são os problemas político-sociais do país, podem comemorar! O Brasil está fora da Copa! Os problemas vão continuar, os políticos vão continuar não honrando seus eleitores, a má distribuição de renda ainda existirá por um bom tempo, mas com uma diferença: o povo, o Zé ninguém, não vai mais compensar suas mazelas com um escancarado sorriso num grito de gol do Brasil. Agora ele volta para o seu mundinho de cidadão sofredor, à espera de um milagre chamado justiça. A luta, a consciência, jamais deixaram de existir; mesmo enquanto a seleção brasileira esteve na Copa. E vão continuar, é claro. No entanto, sem a beleza e a alegria do nosso futebol diante do mundo. Que pena.


Mas alguém aí, por favor, quer dizer ao Mick Jagger pra ficar quietinho na casa dele na próxima Copa? Aliás, bem que ele podia agora torcer pra nossa amada Argentina... (risos) *


Nação, a festa foi adiada para 2014, em casa!




Cacau Rodrigues



*Todas as seleções citadas pelo roqueiro como suas favoritas foram eliminadas.




quinta-feira, 17 de junho de 2010

O QUE SÃO AS CHUTEIRAS DA PÁTRIA?


A Copa do Mundo 2010 começou para o Brasil no dia 15 de junho.
É bem verdade que nossa seleção não tem um elenco muito brilhante...
E pelo contrário, nosso técnico deixou de fora nomes que poderiam, em apenas um lance, mudar qualquer resultado negativo. Para piorar, nossa seleção não teve uma atuação convincente no primeiro jogo. Na verdade, esteve muito aquém do nosso futebol.
Mas daí a deixar de acreditar já é uma grande bobagem.
Só que eu não estou aqui para fazer uma análise esportiva. Não é nada disso.
O que me motiva a escrever este texto não é o nosso futebol, mas o que está por trás dele, no inconsciente coletivo, além da alegria de sermos os melhores do mundo, é claro: o Brasil que dá certo.
Escuto muita bobagem, muita demagogia,
gente chamando o país de “Pátria de chuteiras” com intuito pejorativo...
Sabemos que o futebol não vai diminuir a fome, não vai fazer nossos políticos mais honestos,
não vai fazer de nossa economia uma perfeição, não vai nos trazer justiça social, etc, etc, etc... Mas convenhamos, será que o nosso povo não merece um pouco de alegria?
Não é bom sermos pentacampeões mundiais?
Não é gratificante ver o mundo se curvar diante do nosso futebol?
Não é emocionante ouvir aquele hino antes de cada jogo,
como se estivéssemos nos aprontando para uma verdadeira batalha?
Não somos brasileiros?
Acho que, na verdade, o povo se entrega mesmo a esse Brasil que dá certo,
sem perceber que as chuteiras da nossa pátria são muito mais do que o calçado usado pra se jogar futebol.
Eu acredito que, ao torcer, pintar a cara, enfeitar as ruas, o povo faz sem saber um protesto; mostramos que sentimos orgulho deste país, apesar do que tentam fazer dele.
Nessa hora a supremacia de países chamados desenvolvidos não vale de nada!
Nessa hora é o garoto simples, muitas vezes da favela, que brilha, que é reverenciado
e faz deste país gigantesco a maior superpotência mundial.
Verde e amarelo! É tudo verde e amarelo!
Bandeira pendurada na janela, camisa da seleção ou simplesmente com a inscrição “Brasil”
- orgulho de uma nação sofrida e até injustiçada.
Nossos Pelés, Adrianos, Romários, Robinhos estão todos aí, soltos,
quem sabe pelas ruas, pelos morros, anônimos, mas com uma esperança enorme no peito toda vez que os outros, agora famosos, aparecem na televisão com aquela camisa amarela.
Não há nada melhor do que calçar as chuteiras imaginárias da pátria
(ou as chuteiras da pátria imaginária?) e jogar junto com eles!
QUE VENHAM OS ADVERSÁRIOS!
NÓS SOMOS OS MELHORES DO MUNDO,
mesmo não apresentando nosso melhor futebol, e vencer só depende de nós.
Rumo ao hexa!
E que Deus abençoe o nosso povo e a seleção brasileira mais uma vez!
Sem demagogia, “companheiros”!



Cacau Rodrigues

domingo, 21 de março de 2010

A ESSÊNCIA DOS DESEJOS / você sabe o que quer?


Você sabe o que você quer?
Quem quer ficar perto fica perto?
Quem quer ficar longe fica longe?
Por que queremos tudo ao mesmo tempo?
Já parou pra pensar nos seus desejos reais? Não nesses que você diz que tem...
Esses são de fachada, esses não contam.
Eu falo dos que te incomodam, inquietam, fazem chorar quando está só...
Quem você queria abraçar nesse momento?
Que voz você gostaria de ouvir?
Que boca você beijaria se pudesse?
Que bicho há dentro de cada um de nós?
Por que amamos e odiamos?
Por que atacamos pra nos defender?
Somos animais racionais;
por que agimos tanto movidos somente pelo sentimento?
Será que você é feliz? Ou está fingindo pra você mesmo?
Você já se olhou no espelho hoje? Aquela pessoa é mesmo você?
Quais são os seus medos?
Mas eu falo dos medos reais! Você realmente os conhece?
Você tem o que realmente queria? Ou simplesmente resolveu acreditar que sim?
Está satisfeito com sua vida? Era isso mesmo que você queria?
Vai mudar tudo hoje mesmo? Ou vai continuar assim?
Você tem amigos de verdade ou resolveu acreditar nesses que tem?
Por que ainda hoje tantos preconceitos existem? Não somos todos seres humanos? Seres... HUMANOS?
Por que julgamos sem a menor competência nem direito disso?
Queremos ser julgados?
Por que jogamos tanto na vida?
Por que se trapaceia tanto pra se vencer um jogo?
Por que dizemos coisas pra magoar o outro?
Aliás,
na hora da raiva você diz coisas que você sabe que o outro vai dar importância
ou É NA HORA DA RAIVA QUE VOCÊ DIZ O QUE REALMENTE PENSA DO OUTRO?
E o que você realmente pensa do outro?
O que você pensa?
Você pensa? Ou pensa que pensa?
Quem é você na verdade?
E quem você pensa que é?




Cacau Rodrigues

VAMOS VISITAR A ESTRELA PELA MADRUGADA / uma crônica poética da minha... “despedida?” rs


Eu sou poeta.
E poeta é sentimental,
Às vezes dramático,
Quase sempre exagerado,
Cafona quando preciso,
Um calhorda mais que preciso.
Ouvindo uma determinada música
Pensei na minha morte.
Se acontecer, porque eu não vou morrer!
Mas... se por acaso acontecer...
Além de todos os pedidos
Já deixados em outro texto *,
Percebo que serei uma morta cansativa,
Que sou e sempre serei imperativa,
E muito ativa, mesmo depois de bem morta.
Uma morta muito viva!
Então vou deixar aqui a música a ser tocada
No meu cortejo.
Todo mundo chorando,
Alguns me xingando,
Quem sabe gente sorrindo,
Outros até gargalhando;
E as ‘viúvas’ morrendo comigo...
Mas a melodia do ‘ah, Deus’
Será embalada pela palavra
Direcionada à minha poesia.
Quero que seja tocada
Na voz de Emílio Santiago, por favor!
Morta exigente, não?
Pena eu estar ‘ausente’
E não poder dizer umas palavras
Para todos os presentes...
Mas todos vão lembrar do deboche,
Da irreverência,
Da efervescência,
Das reflexões,
Das gargalhadas,
Dos poemas,
Da putaria,
Dos palavrões,
E do meu amor por ela.

Sì, mio unico e grande amore.
E cada um conseguirá,
Ou pelo menos tentará,
Adivinhar
O que eu diria em cada momento,
A cada movimento,
Na beleza e na tristeza de cada olhar.
Olha, não quero tristeza!
Vê lá!
Vida que segue!
O que digo aqui é pra rir,
Não pra chorar!
No meu velório todos já sabem o meu desejo:

Quero que toquem Simone;
Vez por outra,
revezando,
IO CHE AMO SOLO TE;
E no crematório quero que cantem bem alto,
Com muita raça e coração,
O hino do Flamengo!
É só um dengo, meu bem!
É só um dengo!
Mas no cortejo, Viagem, com Emilio Santiago.
Eu mereço, não?
Sei que será um dia diferente,
Esse da minha escapada final.
O dia vai passar mais lento,
Meio sem graça,
Sem piada,
Sem alento,
Sem poesia e sem cachaça.
A vida tão ávida de vida
Já não estará ali dando agilidade
Aos pensamentos e aos sonhos
Daqueles que realmente me amaram.
Tudo parecerá injusto e sem sentido.
Muitas histórias surgirão,
Outras se dissiparão,
Mas todas terão muita importância.
Ou nenhuma importância.
Algumas verdades,
Muitas mentiras,
Pouquíssimas “assumidas” orgulhosas,
Inúmeras negativas covardes;
E todo mundo terá, e dirá,
Um motivo nobre para estar ali.
Fora aqueles que se farão ausentes
Para não deixar transparecer na face
A força de um amor,
O arrependimento de um desprezo,
A dor de uma desesperadora saudade.
Mas eu estarei dormindo
Ainda, quem sabe;
Para depois acordar sorrindo,
Contando histórias para quem não sabe;
E continuarei fazendo poesia,
De outra forma, é verdade.
E com certeza,
O mais importante de tudo,
Eu estarei feliz.
E em breve,
Muito em breve,
Estarei visitando aqueles que eu amei.
Porque o amor é o único bem que se leva
Dessa vida para a outra.
Tudo que eu vivi
Somente eu poderia viver;
Tudo que eu fiz
Está feito, e não me arrependerei de NADA!
Tudo que eu escrevo
Deixarei como legado da única coisa
Que eu realmente amo fazer:
Minha poesia.

“Vamos, minha poesia, visitar a estrela pela madrugada!”



Cacau Rodrigues




*Texto citado: Um Furacão de Pensamentos

Olha, é um assunto meio idiota, mas faz parte de todo poeta: a identificação, e até certo entrosamento, com a morte.
Aí vai o link pra quem quiser relembrar essa música maravilhosa.
Esta é uma homenagem ao Dia Mundial da Poesia.

ENCANTAMENTO E SOLIDÃO


E você passou por mim...
Mas eu deixei você seguir.
Um encantamento tomou conta do meu ser;
Acompanhei você com o meu olhar,
Mas deixei você seguir,
Deixei você passar.
Acompanhei com o olhar
A mulher que adoro;
Que descia a rua
Séria, sozinha,
Preocupada com a hora,
Sem saber que eu estava ali.
Como você é linda...
Nesse frio mais ainda!
Havia uma elegância,
Ainda que apressada,
No teu modo de andar.
Mas observando você dobrar a esquina,
Quase chorei feito menina,
Senti uma terrível solidão.
Por que não chamei você?
Por que deixei você seguir?
Por que não fiz você me ver?
Resposta simples:
Porque foi lúdico o fato,
E mágico o momento, o ato,
De somente admirar você.




Cacau Rodrigues

APRESSADA


Você,
Apressada,
Sempre apressada,
Me deixa parada,
Abobada,
Sem graça,
Com vontade de nada.
E você apressada,
Rindo de nada,
Da minha cara amassada,
Dessa hora marcada
Que te leva de mim.
Apressada,
Linda,
Apressada,
Mais ainda,
Apressada sim,
Apressada,
Apressada enfim.
Correndo,
Apressada,
Indo,
Apressada,
Sumindo
Na esquina,
Apressada,
Em direção ao dever
Que te chama.
E você,
Apressada,
Esconde,
Mas volta,
Também apressada,
Pros braços deste alguém que te ama.
Tenho pena de mim,
Porque a mulher que eu amo
Só vive assim...
Apressada.



Cacau Rodrigues

TOCAIA


Caia,
Deixe sangrar os teus pés,
A tua boca de carnes vermelhas,
Deixe entupir de areia
As tuas orelhas;
Caia,
Se deixe cair.
Nem tente sair.
Caia,
Que eu vou ficar de tocaia,
Vou bater na tua cara,
Quando você negar que me ama.
Ah, eu vou te fazer rir de nada,
Fazer você de namorada,
Surpreender você na cama.
Eu vou abrir a porta dos teus medos,
Revelar-te os teus segredos,
Mandar embora teus fantasmas;
E exorcizar os teus demônios,
Para que eles possam tomar cachaça comigo
À luz de um luar totalmente perdido,
Feito para te alucinar.
Caia no chão do desespero
De fugir, negar, ficar no destempero,
Por saber que agora
Você não poderá correr de mim.
Saia do não,
Caia diante do sim.
Você já não nega o que quer,
Mas tem medo de tudo.
O que te assusta é essa coisa
De estar presa no mundo de outra mulher.
Caia na real, meu bem!
Caia!
Eu só estou aqui de tocaia porque você quer!



Cacau Rodrigues

A SAUDADE BATEU EM MIM


Bateu saudade do seu sorriso,
Bateu saudade da sua voz,
Bateu saudade desse seu olhar lindo,
Bateu saudade dos contras e prós.
A saudade hoje bateu em mim demais.

Eu hoje apanhei da saudade
Como quem toma um nocaute,
E até fui à lona.

Vibrei com um quê de maldade,
Imaginado a saudade
Azucrinando você nessa hora.

Eu daria tudo pra saber!
Eu daria o mundo só pra ter você.

Xinguei como quem dá uma topada,
Ri como quem ouve uma piada,
Chorei descontrolada
Pois não possuía nada.

E no telefone a mensagem,
Um recurso, pra dizer a verdade,
Da maldade que é viver sem você
E apanhar da saudade.



Cacau Rodrigues