quinta-feira, 17 de junho de 2010

O QUE SÃO AS CHUTEIRAS DA PÁTRIA?


A Copa do Mundo 2010 começou para o Brasil no dia 15 de junho.
É bem verdade que nossa seleção não tem um elenco muito brilhante...
E pelo contrário, nosso técnico deixou de fora nomes que poderiam, em apenas um lance, mudar qualquer resultado negativo. Para piorar, nossa seleção não teve uma atuação convincente no primeiro jogo. Na verdade, esteve muito aquém do nosso futebol.
Mas daí a deixar de acreditar já é uma grande bobagem.
Só que eu não estou aqui para fazer uma análise esportiva. Não é nada disso.
O que me motiva a escrever este texto não é o nosso futebol, mas o que está por trás dele, no inconsciente coletivo, além da alegria de sermos os melhores do mundo, é claro: o Brasil que dá certo.
Escuto muita bobagem, muita demagogia,
gente chamando o país de “Pátria de chuteiras” com intuito pejorativo...
Sabemos que o futebol não vai diminuir a fome, não vai fazer nossos políticos mais honestos,
não vai fazer de nossa economia uma perfeição, não vai nos trazer justiça social, etc, etc, etc... Mas convenhamos, será que o nosso povo não merece um pouco de alegria?
Não é bom sermos pentacampeões mundiais?
Não é gratificante ver o mundo se curvar diante do nosso futebol?
Não é emocionante ouvir aquele hino antes de cada jogo,
como se estivéssemos nos aprontando para uma verdadeira batalha?
Não somos brasileiros?
Acho que, na verdade, o povo se entrega mesmo a esse Brasil que dá certo,
sem perceber que as chuteiras da nossa pátria são muito mais do que o calçado usado pra se jogar futebol.
Eu acredito que, ao torcer, pintar a cara, enfeitar as ruas, o povo faz sem saber um protesto; mostramos que sentimos orgulho deste país, apesar do que tentam fazer dele.
Nessa hora a supremacia de países chamados desenvolvidos não vale de nada!
Nessa hora é o garoto simples, muitas vezes da favela, que brilha, que é reverenciado
e faz deste país gigantesco a maior superpotência mundial.
Verde e amarelo! É tudo verde e amarelo!
Bandeira pendurada na janela, camisa da seleção ou simplesmente com a inscrição “Brasil”
- orgulho de uma nação sofrida e até injustiçada.
Nossos Pelés, Adrianos, Romários, Robinhos estão todos aí, soltos,
quem sabe pelas ruas, pelos morros, anônimos, mas com uma esperança enorme no peito toda vez que os outros, agora famosos, aparecem na televisão com aquela camisa amarela.
Não há nada melhor do que calçar as chuteiras imaginárias da pátria
(ou as chuteiras da pátria imaginária?) e jogar junto com eles!
QUE VENHAM OS ADVERSÁRIOS!
NÓS SOMOS OS MELHORES DO MUNDO,
mesmo não apresentando nosso melhor futebol, e vencer só depende de nós.
Rumo ao hexa!
E que Deus abençoe o nosso povo e a seleção brasileira mais uma vez!
Sem demagogia, “companheiros”!



Cacau Rodrigues

4 comentários:

Karina Mendes disse...

oi querida,
Digo querida, pois pra mim você é de fato uma pessoa querida, mesmo a gente não se conhecendo de perto, mesmo a gente se falando pouco via internet.
Realmente a gente tem se falado pouco, não tenho mais o hábito de ficar na net todo dia, eu uso o computador mais pra trabalhar e quando chego em casa, tenho um monte de tarefas pra fazer, bem você sabe, não moro mais do lado da minha mãe, isso me rendia um monte de mordomias, logo, tinha mais tempo livre para teclar.
Queria dizer uma coisa: você é uma pessoa muito lúcida, então tem todo o crédito quando diz que o povo merece essa alegria de ser campeão no futebol, talvez mereça mesmo, mas o que eu acho é que precisamos muito mais, precisamos nos mobilizar por tudo que for relativo ao nosso país, não só pela copa. E sabe o que eu acho? Que os políticos riem de nós, quando assistem ao noticiário da TV e só se fala em futebol, deixando pra trás notícias do congresso que deveríam ser de conhecimento e interesse público. E, concordo com você, eles é que deveríam ter vergonha, mas eles não tem. São todos uns caras de pau, todos acham engraçado ser esperto e corrupto, acham bacana, ser bom e honesto virou demodê.
E assim caminha a humanidade. Estou ficando sem esperança no futuro.
Respondi seu comentário lá no meu blog também.
um beijo enorme.
da irmã paulistinha que te ama e não te esquece jamais.

Cacau Rodrigues disse...

Garota, eu acho que no fundo concordamos em quase tudo. A diferença está no nosso ângulo de visão.

Veja isso aqui: "precisamos muito mais, precisamos nos mobilizar por tudo que for relativo ao nosso país, não só pela copa. E sabe o que eu acho? Que os políticos riem de nós, quando assistem ao noticiário da TV e só se fala em futebol, deixando pra trás notícias do congresso que deveríam ser de conhecimento e interesse público." - Eu concordo com tudo isso! Talvez eles fiquem morrendo de rir mesmo! Mas e daí? Enquanto eles riem de deboche, o povo ri de alegria. Acho que aos poucos o povo vai compreendendo que a mesma bandeira que serve pra ser agitada num grito de gol, serve pra ser "esfregada" na cara desses safados como lembrete de que a pátria é do povo e não deles. Ainda chegaremos lá! Mas enquanto isso, deixa o povo ter o direito de apenas sorrir e se abraçar com a bandeira pra festejar! Já é um começo! Faz perder o medo do símbolo maior de seu próprio país. Tudo isso faz parte do processo democrático.

Ka, vc é uma das pessoas que mais respeito e adoro nessa tal de internet.
Estamos sem tempo pra teclar, mas isso realmente não muda em nada o que sentimos. E vc foi a primeira pessoa pra quem eu contei determinadas coisas da minha vida. Isso me une a vc de uma forma muito forte.

Eu te adoro, minha paulistinha amada!
Bjs!

Karina Mendes disse...

"Enquanto eles riem de deboche, o povo ri de alegria."

só uma alma elevada pode pensar assim como você, por isso que te admiro tanto.
eu ainda tenho a revolta, a raiva que não quer calar e quer sacudir as pessoas e enfiar na cabeça delas que não pode ser assim. mas cada uma de nós, do seu jeito, está lado a lado em pensamento.

obrigada por ser minha amiga,

sinto-me privilegiada por ter dividido coisas da minha vida com você e por ter sido sua ouvinte.

um beijo enorme!
adoro você!

Cacau Rodrigues disse...

Agradeço tudo isso. Mas não é questão de alma elevada; é realismo mesmo.
Sabe, eu nunca "soube' ser uma revoltada. Assim foi que me afundei de vez.
Na verdade, eu só consegui sacudir as pessoas e a mim mesma quando enterneci minhas atitudes, meus desejos e até minhas ideologias.
Embora o discurso ainda seja, muitas vezes, duro e áspero como o chão que eu pisei durante anos, a minha maior bandeira, que é o qmor, só foi levantada quando enxerguei a ternura.
Hoje acredito na verdadeira revolução.

O privilégio é meu, garota.
Vc me recebeu com amor, e foi uma das pessoas mais importantes nesse meu processo de resgate de identidade.
Valeu!

Beijo enorme!
Tbm te adoro!