domingo, 17 de julho de 2011

POETA TRISTE PROCURA



Um beijo, um abraço, um sorriso;
Um desejo urgente, um olhar preciso;
Uma namorada amiga, uma musa,
Uma mulher que não seja confusa;
Uma moça um pouco incoerente,
Uma amante quente,
Uma mulher valente,
Que encare o mundo de frente;
Charmosa,
Sensual,
Atrevida,
Inteligente;
Uma companheira de luta e prazer,
Uma guerreira que pague pra ver;
Uma dama delicada,
Uma menina tímida
E ao mesmo tempo desavergonhada;
Uma criatura que surpreenda e encante,
De gatinha à tigresa num instante,
Uma coisa de cobiça ardente,
Que ame incondicionalmente;
Alguém que se entregue e devore
Num louco querer.
Poeta triste procura
A namorada querida, mais que amada,
Que você não soube ser.


 
Cacau Rodrigues






ABORTO



Eu perdi.
Foi uma luta árdua,
Digna,
Cheia de esperança,
Mas eu finalmente perdi.
E de uma maneira pobre,
Até insignificante;
Longe do glamour
Daquele amor
Que seria perfeito.
Vi meu coração
Ser arrancado do meu peito,
Fui sentindo o peito se rasgar,
O fim de tudo começar,
Sem nenhuma cerimônia.
A vida tem dessas coisas.
O meu ser poeta,
O meu eu poeta
Está mais pobre.
Uma gente boba,
Uma sociedade tola
Deve estar rindo,
Rolando no chão
De um lado para outro,
Dizendo que amor como esse
Na verdade é muito pouco,
Que o que vale mesmo
É o amor de moldura,
Sempre exposto
Como um prêmio tosco,
Na parede frontal,
De cara pra porta
De uma sala de estar;
Neste caso de cara para um mundo
Infeliz, hostil e vulgar,
Que prefere derrotar
Do que propriamente vencer.
Eu sinto sair de mim
Uma força invisível,
Um espectro,
Um delírio,
Uma imensa tristeza,
Uma banalizada alegria,
Um tesão,
Uma magia;
Sinto a violência de uma inevitável
E paralisante solidão.
É como uma dor na alma,
Um nascimento torto,
Um flagelo,
Um aborto.
E embora talvez necessário e previsível fosse,
Ninguém se prepara para o fim.
Eu estou sofrendo.
Minha vida foi arrancada de mim.

 

Cacau Rodrigues





O ÚLTIMO DE TEUS AMORES


Quem me dera tão somente
Dizer-te o que sinto neste momento;
E rir contigo,
E provocar teu riso;
E beijar tua boca,
E alimentar essa vontade de ti,
Cada vez mais voraz,
Cada vez menos pouca.

Quem me dera tão somente
Abraçar-te loucamente,
Demasiadamente,
E incessantemente,
E tanto e tanto,
Que o nunca jamais seria para sempre;
E o para sempre
Nunca deixaria de estar presente,
Cada vez que meus braços
Apertassem teu corpo com desejo.

Quem me dera tão somente,
Assim meio de repente,
Eu te pregasse uma peça,
Dizendo-te ao ouvido delicinhas,
E te molhasse muito, à beça,
Fazendo-te gemer baixinho
E suspirar coisinhas;
E te encostar todinha
Em minha mão de conchinha,
Por baixo de tua calcinha,
Levando-te a múltiplos orgasmos,
Breves e nervosos;
Bem no meio de um calçadão lotado
De consumidores apressados,
Sem que teu gozo fosse então notado,
Corando-te a face,
Na delicada incerteza de haverem-te percebido.

Ora, ora, que tesão mais que descabido...

Quem me dera tão somente
Ir contigo mundo a fora,
Hoje e sempre,
E toda hora;
E ser o maior de todos os teus amores.
Quem me dera tão somente
Fosse eu o homem dos teus sonhos,
A mulher real que a ti proponho,
A espalhar rumores,
A provocar tremores;
E tão somente, quem me dera,
Minha querida, quem me dera,
Hoje e sempre, quem me dera,
Ser mesmo,
E definitivamente,
O maior e último de teus amores.


Cacau Rodrigues





MINHAS MEMÓRIAS



Estou a ler minhas memórias.
Estou a ler as memórias empoeiradas
E longínquas que, já guardadas
Em uma gaveta do futuro,
Esperam-me inquietas,
A contar minhas aventuras,
Bravuras,
Quem sabe loucuras;
E a fazer-me menos nobre,
E menos pobre!
Objeto direto
Da curiosidade do inconsciente coletivo.
Ainda que chocados,
Eles sobrevivem;
Ainda que exposta,
Sobrevivo.
E ponho-me a esfregar um jornal no espelho,
Para que este,
Limpo,
Reflita com mais nitidez
A imagem de meu eu presente.
E um pó de prata,
Brilhante,
Cintilante,
Cai da moldura estática,
Cravejando a madeira imponente do assoalho,
Com esboços de palavras
Desordenadas e ao contrário,
Na intenção, mais do que clara,
De escrever um impossível e exótico poema épico.
Eu já não me vejo ali;
Posto que, a essa altura,
Como fosse ‘desbravura’,
Como irônica desventura,
Já faço parte de minhas memórias.

 

Cacau Rodrigues




CANTADINHA POÉTICA



Sabe, a noite é a casa das almas livres...
Venha
Sem medo,
Sem força,
Sem freio;
Simplesmente venha.
Se solte,
Se entregue,
Se permita;
Deixe que a brisa fresca da madrugada acaricie seus desejos...
Venha!
Eu estarei com você.


 
Cacau Rodrigues




ROMANCE MILENAR



Nos seios da amada única
Vejo brilhar a túnica
De um rei.
E pelo que sei,
Vestes nobres refletidas
Nos seios de uma mulher amada,
Denotam com clareza
A certeza
De um romance milenar.
Posto que,
Aquele ou aquela que vê
Estaria recebendo a graça
De reconhecer naqueles montes mais belos
Duas festas, dois castelos,
Anunciando o casamento real.
Nas aureolas as coroas,
Nesses seios nobres tantas coisas boas...
Na mulher que eu amo
A imensidão de amor e prazer.
Eu sou uma plebeia
De palavras simples,
Rimas pobres,
Sentimentos tolos;
Buscando explicações bobas,
Justificando o dolo;
Inventando fatos históricos,
Com argumentos mirabolantes
De um coração apaixonado,
Que façam
A mulher que eu amo
Acreditar nas minhas lendas de poeta;
E se entregar
Como em um parágrafo final
De um lindo e fantástico faz de conta.



Cacau Rodrigues





sábado, 9 de julho de 2011

AVISO AOS LEITORES

Queridos amigos do Furacão, tenho bastante coisa pra postar, mas ando enrolada com a doença da minha mãe, que já vem se arrastando faz um bom tempo. Mas vou tentar postar algumas coisas hoje (sábado – 09/07), pq senão fica estranho, mto abandonado, parece que eu não sei mais escrever... rs... Isso é horrível. Peço paciência mais uma vez.



Abraços a todos!




Cacau.