quinta-feira, 13 de março de 2008

A MINHA ALMA




A MINHA ALMA


A minha alma é da vida.
Eu tenho alma de vida.
Alma da noite,
Alma perdida,
Alma divina;
Assim, de vez em quando.
Eu tenho alma de malandro!
A minha alma é da calçada,
Em frente ao mar;
Alma de amar;
Alma de sorriso maroto,
Traiçoeiro;
Alma de garoto
Do Rio de Janeiro;
Alma que espreita,
Alma que deita,
Alma que esmaga,
Alma que afaga,
Alma que invade,
Alma que arde,
Alma que inunda,
Alma imunda;
Vagabunda.
A minha alma
É alma sem calma;
Mas com calma segue sem alma,
E atravessa portões e muros sólidos;
Destruindo lares,
Penetrando lugares,
Distribuindo esperanças,
Poluindo ares.
Alma mista,
De bondade,
Maldade,
Conquista;
Alma de vigarista.
É uma alma que ama.
Alma de cama,
Alma que engana
Por grana;
Alma de lama,
Alma que chama.
A minha alma abre a camisa
E avisa:
“Se cria, me’rmão! Senão te guardo!”
A minha alma
É o cão preto do dia,
Que de noite é como todo gato pardo!
É alma que mora na rua
E vive na gruta;
Alma de filho da puta,
Alma da puta;
Alma que te inquieta,
Alma de poeta;
Alma que baixa o teu facho,
Alma de macho.
A minha alma te quer,
E pode ser como você quiser.
Eu posso ser essa alma de homem
Num corpo de mulher;
Posso ser a mulher que te come,
Feliz com essa alma que é como é.
Na verdade, essa cruz no meu peito
Me dá o direito
De ter essa alma vadia,
Encarar mundos sem moradia,
E agachar nessa coisa arredia
De ser esta mulher.
Eu posso ser isso tudo
Que você abomina e deseja;
Eu posso ser de qualquer piranha que me beija!
Mas só deito no colo,
E durmo nos braços,
Daquela que me ama
E dá prazer.
A minha alma já tem dona,
E ELA sabe exatamente como me prender.




Cacau Rodrigues