segunda-feira, 25 de agosto de 2008

EU ESCREVO PRA PASSAR A MINHA DOR


EU ESCREVO PRA PASSAR A MINHA DOR


Não importa a hora,
O caminhão do lixo,
Se eu pareço um bicho;
O sexo é bom, meu bem!
Não vou perder o senso.
Eu quase sempre digo o que penso.
A bandida sou eu,
A maldita sou eu,
E todo mundo que encarou
Deu, comeu,
Ganhou, perdeu,
E se fodeu.
Eu nunca lembro
Como aconteceu.
Valeu o bote nos otários,
Valeu o toque dos doutores,
Os chifrados operários,
O sexo pobre das viúvas,
Valeu o tesão desenfreado das meninas,
Valeu o orgasmo das mulheres mais maduras,
Valeu a sacanagem com as vadias mais puras;
E até valeu a porcaria da paixão
Das mulheres mal amadas,
As solteiras, as casadas;
Valeu, meu bem!
Valeu!
Eu sou um tipo de canalha,
Que fere e mata sem usar navalha;
Eu faço o tipo infeliz,
Mas sou a desgraça que Deus quis.
Aliás, esse teu Deus tá mesmo velho,
Manda uns babacas pregarem o evangelho,
Mas fica lá só esperando
A gente se ferrar!
Eu escrevo pra passar o tempo,
Eu escrevo pra passar conversa,
Eu escrevo pra passar filosofia pobre
E desamor;
Eu escrevo pra passar a minha dor,
Não pra minha dor passar.
A minha dor não passa.
Alguém vai tocar o telefone;

E aí ninguém tem nome ou sobrenome;
Alguém vai cobrar,

Alguém vai pagar,
Porque desesperadamente quer gozar;
Alguém vai chorar sozinho,
Alguém vai voltar santinho
Pro seu belo ninho.
E ainda tem alguém
Que vai continuar pelas esquinas,
De macho,
No escracho,
Virando capacho,
Comendo as meninas;
Porque é preciso pagar o carro,
A vodka,
A droga,
O cigarro;
E não me vem com essa soberba,
Que eu te escarro;
Sou aquela que não liga,
Sou a tal que não se importa com ninguém;
Sou “uma tipinha” muito besta
Que só faz o que convém.
Vou e sigo,
Deito e vivo,
Durmo e acordo
Sem saber dizer com quem.
Não importa a hora,
O caminhão do lixo,
Se eu pareço um bicho;
O sexo é bom, meu bem!


Cacau Rodrigues