terça-feira, 17 de novembro de 2009

SINTOMÁTICO


Uma dor na alma,

Uma angústia que chora,

Uma solidão que apavora,

Um sentimento qualquer de pura aflição.

E dá uma falta de ar,

Uma tontura panorâmica;

E como um elemento da semântica

A visão turva,

Na simetria de uma visão.

E o fantasma cresce,

E se aproxima com voracidade.

Nessa hora um desmaio indigno

Escurece toda a verdade.

É pertinente dizer

Que um enjôo, uma dor de cabeça,

Fazem a fragilidade ficar ainda mais evidente.

O corpo pesa,

O coração aperta,

E um sono terrível se faz companheiro permanente.

Há algo errado, se sabe, não há dúvida.

Mas o que faz um guerreiro tombar

Se não a violência do impacto da flecha?!

A gente acostuma com a dor.

Mas o momento do impacto,

E a eternidade do tempo entre um ferimento quente

E a frieza do depois...

Aí sim, o guerreiro precisa parar e respirar fundo.

E se é preciso seguir diante do mundo,

Levanta-se,

Amarre-se uma tala;

Não cura, mas o ferimento cala;

E se recomeça a marcha,

Até um pouco solitária,

Em busca de uma vitória pessoal.

Os guerreiros são impiedosos

Com eles mesmos;

Os guerreiros morrem de dor

Entre eles mesmos;

Os guerreiros fogem do amor

Por eles mesmos.

O amor fragiliza,

Hipnotiza,

Desmoraliza.

É melhor uma flecha cravada no peito

Que uma flor ao alcance da mão.

É melhor sangrar de maldade

Que chorar de saudade,

Sem poder conter a hemorragia de amor

No coração.


Cacau Rodrigues