terça-feira, 22 de julho de 2008

À DERIVA


À DERIVA

Entreguei em tuas mãos a minha alma.
E agora não sei mais qual será o meu destino.
Meu corpo segue oco boiando em águas turvas,
Sem vontade, sem vísceras, sem vida;
À deriva, sem estresse ou desatino.
E hoje sei, que meu coração pobre e quebrado,
É apenas um navegador inútil
Que, sabendo-se sem cais,
Decidiu nunca mais ser ancorado.



Cacau Rodrigues

BARGANHA


BARGANHA

Você bate, você apanha;
Você perde, você ganha;
‘Paga justo’ pra quem barganha.
Assim é a vida de um babaca
Que pensa que tem muita manha.


Cacau Rodrigues

PERDEDOR


PERDEDOR

Vou beber até cair numa esquina;
Vou cheirar toda essa ‘flor’ que me alucina;
E me matar nessa dor que é minha sina;
E te perder nesse perder-dor que me azucrina.

Eu vou chorar nesse amanhã que não virá;
Eu vou morrer nesse brincar de me matar;
Eu vou cair na tristeza desse teu olhar;
E vou sofrer ‘ditosamente’ quando te deixar.

Não tenho medo, e sei que jamais terei;
Não tenho febre, mesmo doente como sei;
Não tenho amor, mesmo te dando o que não dei;
Não vou ficar, porque não tenho quem eu sempre amei.


Cacau Rodrigues

POEMAS TRISTES


POEMAS TRISTES

E esse frio danado,
Esse frio gelado,
Algo jamais imaginado
Aqui no meu Rio de Janeiro.
Em quantas noites chuvosas
Andei, me joguei no que me olhava,
Me entreguei ao calor do que me esperava...
Em quantas noites?
Tantas noites, madrugadas...
Copos, bares, quase nada;
Donzelas , putas
- as solteiras, as casadas...
Uma boa chupada no banheiro feminino,
Uma alegria no meu jeito de menino,
Uma tara no teu corpo em desatino,
O meu pau nesse teu rabo divino!
Eu tenho um, meu bem!
Tenho até mais de um
- pode pedir que você tem!
Eu compro mesmo
É pra meter em alguém!
Mas se quiser meus dedos,
Minha língua, meus segredos,
Arranco todos os teus medos
E te possuo pra você nunca esquecer.
Eu te darei umas horas de loucura,
Te farei subir pelas paredes,
Ouvirei você pedir diversas vezes
Pra eu te bater.
Depois eu me levanto,
Sem cerimônias, sem espanto,
E com um sorriso assim de canto
Eu pego o meu dinheiro
E vou embora.
Não importa aonde vou,
Nem quero saber da hora.
E quem sabe um dia
Eu não lembro do sorriso
De uma menina louca,
Que me deu o paraíso
Cavalgando em minha boca,
Gozando em minha língua,
Lambuzando a minha cara,
E ficando assim à míngua,
Realizando sua tara.
Era o sonho de princesa,
De abdicar de sua nobreza
Pra ser a vadia da plebeia;
Sem testemunhas,
Sem plateia.
Pra quem sabe assim, um dia,
Por amor ou rebeldia,
Depois de deixar essa vida,
Eu não me pegasse escrevendo
Sobre tudo que eu fazia,
Sobre tudo que existe;
Uma coleção de poemas tristes,
Assim, como faço agora.


Cacau Rodrigues