Estou de volta.
Fui, fui até onde meu sorriso já não aparecia;
Fui até onde meus pés, descalços ou não,
Me faziam correr em agonia;
Numa correria ao abismo da alucinação.
Mas estou de volta.
Mas estou de volta.
Não vou dizer que não sinto saudade.
A liberdade me chama de volta pra lá,
Essa solidão de casa às vezes é pior;
Um cigarro no canto da boca compondo um visual,
Digamos silencioso e reflexivo;
Os pensamentos dessa criatura merda,
Que nada faz pra mudar seus instintos,
Que nada quer, a não ser seus instintos,
E sofre.
Eu sinto saudade de umas e outras;
Não das bebidas,
Mas das devidamente comidas,
Que eu deixei no passado.
Podem rir, porque esse é o drama.
Sim, na falta da vulgaridade explícita
De algumas camas,
Fico aqui lembrando o que fora
Meus medos e vendavais.
Ninguém estava lá no sonho que eu tive essa noite.
Meus fantasmas são ocupados demais
Pra me satisfazerem os desejos de lembrança.
Rio um pouco, mas às vezes cansa.
Sou meio babaca, meu bem!
Eu sinto muita falta,
Mas na maioria das vezes
Nem sei de quem.
E Maria Helena onde andará?
Por que lembrei disso agora, meu Deus?!
Minhas palavras são minhas,
Eu bem que podia mudar.
Mas eu prefiro maltratar os papeis;
Eu prefiro recordar a sujeira lúdica
De alguns motéis.
Afinal, moquifos existem pra deixar lembranças...
Drogas existem pra provocar lambanças...
De repente me deu uma vontade de divagar bem devagar...
Adoro uma tortura delirante numa madrugada brilhante!
Vai lá, meu bem!
O cara caiu na estrada!
De cara no asfalto, nem sonho nem nada!
Muito pó na cara...
E um corpo estendido na curva empoeirada.
Que vida maldita, meu bem!
Só mesmo quem volta sabe o valor que isso tem.
Cacau Rodrigues