quinta-feira, 29 de novembro de 2007

FANTASIAS INSANAS


FANTASIAS INSANAS


Num delírio incontido
E perturbador,
Mãos postas nas entranhas
Da mulher que amo;
Vou fundo
Com meus dedos cálidos,
Entrelaçando os corpos úmidos,
Rostos pálidos;
E me lambuzo inteira
Com o gosto do teu prazer.
Todas as paixões
Que tive, e não tive,
Nesse momento mágico
Se misturam em minha mente...
Você ri, chora, e nem sente;
Entramos num túnel
Alucinante.
Drogadas de amor,
Buscamos a paz
Em prazeres mundanos,
Fantasias insanas;
Somos duas mulheres profanas.
Que Deus não nos perdoe!
Eu quero pecar
Pelas ruas,
Pelas casas,
Nas quatro luas;
Eu quero chocar esse mundo
Com nossas silhuetas nuas.
E se o mundo
Quiser nos odiar,
Que assim seja.
Vamos, meu bem!
Vamos abrir uma cerveja!
E nos sugar com chantilly
E cereja;
E nos deitar nas salas do mundo,
Grudadas, gozadas;
Enquanto famílias inteiras
Assistem respeitosamente
A missa de domingo na TV !
Eu posso até matar por você;
Sem você eu até posso morrer...
Então não vou me fazer de rogada;
Eu me arrasto
Nesse chão que você pisa,
Sou teu capacho
Nos lençóis
Que você desliza;
Eu nasci pra te amar.
Não tenho vergonha,
Nem medo,
Nem nada;
Minha melhor loucura
É ser essa criatura
Que segue hoje a tua estrada.




Cacau Rodrigues

UM FURACÃO DE PENSAMENTOS / quase um epitáfio. rs...


UM FURACÃO DE PENSAMENTOS


Eu estive pensando no que fiz;
No quanto fui feliz
E infeliz;
No que vivenciei,
Experiências que nem sei!
Uma rotina de sexo,
Um sexo sem rotina;
O cheiro do prazer,
A pegada de uma puta na esquina,
A trepada de macho com a "menina";
Tudo é válido,
Tudo é amor;
O coração sem sofrer,
O prazer e a dor.
Os copos cheios, vazios
ou pela metade;
As luzes, a fumaça...
Todos os puteiros vão deixar saudade!
Eu também vou deixar uma saudade...
Quando eu morrer,
Quero minhas "viúvas" lindas,
"Celebrando" o luto
pelas ruas, pelas camas;
Quero os boêmios
Tortos pelo chão;
Quero um vigarista,
Um drogado e um batuqueiro,
Cambaleando pelo meu Rio de Janeiro,
Em perfeita comunhão.
E por que não?
Um padre, um ateu e um macumbeiro
Discutindo putaria, poesia,
E até religião.
E das amigas quero um dengo:
Todas num jogo do Flamengo,
Cantando "Oh, meu Mengão"!
E antes da minha cremação,
Toquem um CDzinho da Simone,

Intercalando com 'Io che amo solo te',
Pra dar um toque de emoção.

Aliás, em homenagem à Itália
Do meu amor,
Podem me dar um 'arrivederci',
Que vou achar demais!
E peço que a família
Não desampare os animais;
Eu sempre fiz tudo por eles,
E se pudesse faria bem mais.
Mas quero que lembrem
Que eu fiz tudo do meu jeito;
E causei um certo efeito,
Fui ação e reação.
E fui, como diz uma amiga,
Um "furacão de pensamentos",
A minha própria criação.
O personagem que eu criei
Pra minha vida,
Realmente criou vida,
E saiu da ficção.
Eu me perdi,
Eu me encontrei,
E não deixei barato coisa alguma.
Segui todos os caminhos
Tortuosos, tenebrosos,
Que tracei pra mim.
Mas enfim,
Como eu não vou morrer...
Deixa eu provar,
Deitar, pegar, "comer",
beber, comer,
E provocar;
Tudo isso é bom demais!
Deixa eu me lambuzar um pouco mais!
Elas gostam assim,
ELA precisa de mim;
E eu gosto mesmo
É desse submundo coletivo,
De desejos proibidos;
Esse bando de "fudidos",
Que se julgam imortais.


Cacau Rodrigues

MADRUGADA


A madrugada revela instintos e segredos;
os sonhos afloram,
vencemos os medos.
A madrugada é sempre ponto de partida sem chegada;
a madrugada é simplesmente madrugada.
Sim, todas as mulheres que uso são amadas...
Mas eu só penso nela.




Cacau Rodrigues

POESIA CARIOCA


POESIA CARIOCA


Boa noite, damas e valetes!
Venho aqui me apresentar!
Eu sou a fala fácil,
Macia, arrastada;
A fala que brinca,
Na marra,
Meio deitada...
Eu vivo nas bocas da noite,
No sereno sem capa,
No palavreado dos malandros da Lapa;
Sou a poesia carioca.
Vou de chapéu de palha,
Terno de linho branco...
Levo a vida "na malha",
No fio da navalha.
"Aê, mermão!" Vê se não espalha,
Mas eu sou a fina flor do Rio de Janeiro!
Vivo "na moral",
Mas sem moral,
Que moral demais atrapalha.
Jogo pesado na esquina,
Mas falo baixinho no ouvido da mina.
E encanto pra dedéu!
Mas "desencano" é no motel.
Falo alto, beijo, brigo,
Brinco, faço um escarcéu!
E me amarro numa literatura de "bordel".
Eu sou a poesia carioca.
Cariocamente livre,
Cariocamente feliz,
Cariocamente linda,
Cariocamente...
Carioca mente?
Mente.
Carioca mente.
Ca-ri-o-ca-men-te.
Mas diz a verdade na lata!
Dá a mão, mas mete a pata!
E faz a festa!
É samba, praia, futebol e cama!
Chama na "xincha" quando ama!
Tira onda na boa,
Tira sarro da boa...
Mete a beca do verão:
"Boné, chinelo, camiseta e bermudão."
Carioca faz a própria moda;
Carioca é foda!
E a maioria é Flamengo!
O mais querido
É mais um dengo carioca.
Eu rolo na vida desse povo
Que não tem medo de nada,
Porque não adianta;
Que cai, levanta,
E vai pra luta de novo.
Eu saio da mente rica do poeta
E da cabeça cheia do trabalhador.
Não babo em romantismos,
Mas quando quero sei falar de amor.
E dou sempre uma olhadinha
Lá pro Cristo Redentor,
Porque afinal de contas
Eu não sou de aço;
E essa cidade é maravilhosa,
mas é um terror!
Tô na área
Pra bater o pênalti,
Como todo grande batedor,
Que vai na certa de fazer gol.
Eu sou a poesia carioca.
Você vai me encontrar
Em cada canto que você passar.
No brilho do sol
Ou na luz do luar.
Todo mundo me conhece!
Um sotaque chiado,
Malandro, maneiro,
Do gingado brasileiro,
Que a 'garota de Ipanema'
Imortalizou no balançar.
Eu sou marrenta mesmo!
Esse é o meu jeito de falar.
E é como eu digo:
"Eu sempre venço no final.
Até quando perco, eu venço;
Ninguém derruba o meu astral."
Eu sou mais eu!
Sou a poesia carioca.
Sou uma poeta carioca.
Vai encarar?
Nem tenta, valeu?
Melhor nem tentar!
Mas aê,
Vai encarar?







Cacau Rodrigues