quinta-feira, 4 de junho de 2009

QUASE UM MOMENTO DE ORAÇÃO


QUASE UM MOMENTO DE ORAÇÃO


E na mente da poeta nada.
Não encontro o tom,
A palavra certa,
A certeza do tema,
Qualquer coisa que o valha
Simplesmente pra fazer poema.
A vontade salta,
Se mostra,
Mas a palavra falta,
Se prostra.
Eu só consigo pensar.
E só consigo pensar
Naquela que eu amo,
Sem um movimento sequer
De uma escrita objetiva.
E pensar naquela que eu amo
É quase um momento de oração.
Eu me entrego, me calo, me cego,
E em silêncio me pego;
E me vejo sorrindo,
Me acabo chorando,
Não nego.
É um momento sagrado pra mim.
Nada posso fazer,
Não consigo falar,
E não quero mover uma palha
Que faça mudar esse estado
De adoração.
Por isso não escrevo.
A vontade clama por versos,
Mas o amor inflama pensamentos diversos,
E eu sigo inerte,
Com uma aparência letárgica,
Embora em chamas por dentro.
Vai e volta,
Arde o mais bobo pensamento.
Fico assim porque amo,
Vivo assim porque amo,
Paro assim em nome da mulher que amo.
Mas quando acordo,
Quando volto desse transe de amor,
Eu escrevo mais.
Tudo vale,
Posso tudo,
Faço certo,
Porque vejo perto
O sorriso lindo da mulher que eu amo.


Cacau Rodrigues

OS MEUS ESCRITOS



OS MEUS ESCRITOS


Os meus escritos
Esbarram nas besteiras que eu falo,
Na seriedade que eu calo,
Nos meus momentos, quase todos tensos;
Nas porcarias que eu penso,
Na poesia que eu sonho,
Na filosofia que eu proponho,
No cigarro que eu fumo,
Na droga que eu não quero,
Na bebida que eu disponho,
No time do meu coração,
Na minha mais pura emoção,
Na minha mais pura frieza,
Na minha visão de beleza,
No meu viver de pecado,
No meu achar que é sagrado,
No amor que eu necessito,
Nos momentos que eu me excito,
No sexo que eu gosto,
Nos números que eu aposto,
Na verdade e na mentira
Que brigam dentro de mim.
Sim, os meus escritos
Só são meus escritos
Porque são assim.
Porque sou assim.


Cacau Rodrigues