domingo, 21 de março de 2010

A ESSÊNCIA DOS DESEJOS / você sabe o que quer?


Você sabe o que você quer?
Quem quer ficar perto fica perto?
Quem quer ficar longe fica longe?
Por que queremos tudo ao mesmo tempo?
Já parou pra pensar nos seus desejos reais? Não nesses que você diz que tem...
Esses são de fachada, esses não contam.
Eu falo dos que te incomodam, inquietam, fazem chorar quando está só...
Quem você queria abraçar nesse momento?
Que voz você gostaria de ouvir?
Que boca você beijaria se pudesse?
Que bicho há dentro de cada um de nós?
Por que amamos e odiamos?
Por que atacamos pra nos defender?
Somos animais racionais;
por que agimos tanto movidos somente pelo sentimento?
Será que você é feliz? Ou está fingindo pra você mesmo?
Você já se olhou no espelho hoje? Aquela pessoa é mesmo você?
Quais são os seus medos?
Mas eu falo dos medos reais! Você realmente os conhece?
Você tem o que realmente queria? Ou simplesmente resolveu acreditar que sim?
Está satisfeito com sua vida? Era isso mesmo que você queria?
Vai mudar tudo hoje mesmo? Ou vai continuar assim?
Você tem amigos de verdade ou resolveu acreditar nesses que tem?
Por que ainda hoje tantos preconceitos existem? Não somos todos seres humanos? Seres... HUMANOS?
Por que julgamos sem a menor competência nem direito disso?
Queremos ser julgados?
Por que jogamos tanto na vida?
Por que se trapaceia tanto pra se vencer um jogo?
Por que dizemos coisas pra magoar o outro?
Aliás,
na hora da raiva você diz coisas que você sabe que o outro vai dar importância
ou É NA HORA DA RAIVA QUE VOCÊ DIZ O QUE REALMENTE PENSA DO OUTRO?
E o que você realmente pensa do outro?
O que você pensa?
Você pensa? Ou pensa que pensa?
Quem é você na verdade?
E quem você pensa que é?




Cacau Rodrigues

VAMOS VISITAR A ESTRELA PELA MADRUGADA / uma crônica poética da minha... “despedida?” rs


Eu sou poeta.
E poeta é sentimental,
Às vezes dramático,
Quase sempre exagerado,
Cafona quando preciso,
Um calhorda mais que preciso.
Ouvindo uma determinada música
Pensei na minha morte.
Se acontecer, porque eu não vou morrer!
Mas... se por acaso acontecer...
Além de todos os pedidos
Já deixados em outro texto *,
Percebo que serei uma morta cansativa,
Que sou e sempre serei imperativa,
E muito ativa, mesmo depois de bem morta.
Uma morta muito viva!
Então vou deixar aqui a música a ser tocada
No meu cortejo.
Todo mundo chorando,
Alguns me xingando,
Quem sabe gente sorrindo,
Outros até gargalhando;
E as ‘viúvas’ morrendo comigo...
Mas a melodia do ‘ah, Deus’
Será embalada pela palavra
Direcionada à minha poesia.
Quero que seja tocada
Na voz de Emílio Santiago, por favor!
Morta exigente, não?
Pena eu estar ‘ausente’
E não poder dizer umas palavras
Para todos os presentes...
Mas todos vão lembrar do deboche,
Da irreverência,
Da efervescência,
Das reflexões,
Das gargalhadas,
Dos poemas,
Da putaria,
Dos palavrões,
E do meu amor por ela.

Sì, mio unico e grande amore.
E cada um conseguirá,
Ou pelo menos tentará,
Adivinhar
O que eu diria em cada momento,
A cada movimento,
Na beleza e na tristeza de cada olhar.
Olha, não quero tristeza!
Vê lá!
Vida que segue!
O que digo aqui é pra rir,
Não pra chorar!
No meu velório todos já sabem o meu desejo:

Quero que toquem Simone;
Vez por outra,
revezando,
IO CHE AMO SOLO TE;
E no crematório quero que cantem bem alto,
Com muita raça e coração,
O hino do Flamengo!
É só um dengo, meu bem!
É só um dengo!
Mas no cortejo, Viagem, com Emilio Santiago.
Eu mereço, não?
Sei que será um dia diferente,
Esse da minha escapada final.
O dia vai passar mais lento,
Meio sem graça,
Sem piada,
Sem alento,
Sem poesia e sem cachaça.
A vida tão ávida de vida
Já não estará ali dando agilidade
Aos pensamentos e aos sonhos
Daqueles que realmente me amaram.
Tudo parecerá injusto e sem sentido.
Muitas histórias surgirão,
Outras se dissiparão,
Mas todas terão muita importância.
Ou nenhuma importância.
Algumas verdades,
Muitas mentiras,
Pouquíssimas “assumidas” orgulhosas,
Inúmeras negativas covardes;
E todo mundo terá, e dirá,
Um motivo nobre para estar ali.
Fora aqueles que se farão ausentes
Para não deixar transparecer na face
A força de um amor,
O arrependimento de um desprezo,
A dor de uma desesperadora saudade.
Mas eu estarei dormindo
Ainda, quem sabe;
Para depois acordar sorrindo,
Contando histórias para quem não sabe;
E continuarei fazendo poesia,
De outra forma, é verdade.
E com certeza,
O mais importante de tudo,
Eu estarei feliz.
E em breve,
Muito em breve,
Estarei visitando aqueles que eu amei.
Porque o amor é o único bem que se leva
Dessa vida para a outra.
Tudo que eu vivi
Somente eu poderia viver;
Tudo que eu fiz
Está feito, e não me arrependerei de NADA!
Tudo que eu escrevo
Deixarei como legado da única coisa
Que eu realmente amo fazer:
Minha poesia.

“Vamos, minha poesia, visitar a estrela pela madrugada!”



Cacau Rodrigues




*Texto citado: Um Furacão de Pensamentos

Olha, é um assunto meio idiota, mas faz parte de todo poeta: a identificação, e até certo entrosamento, com a morte.
Aí vai o link pra quem quiser relembrar essa música maravilhosa.
Esta é uma homenagem ao Dia Mundial da Poesia.

ENCANTAMENTO E SOLIDÃO


E você passou por mim...
Mas eu deixei você seguir.
Um encantamento tomou conta do meu ser;
Acompanhei você com o meu olhar,
Mas deixei você seguir,
Deixei você passar.
Acompanhei com o olhar
A mulher que adoro;
Que descia a rua
Séria, sozinha,
Preocupada com a hora,
Sem saber que eu estava ali.
Como você é linda...
Nesse frio mais ainda!
Havia uma elegância,
Ainda que apressada,
No teu modo de andar.
Mas observando você dobrar a esquina,
Quase chorei feito menina,
Senti uma terrível solidão.
Por que não chamei você?
Por que deixei você seguir?
Por que não fiz você me ver?
Resposta simples:
Porque foi lúdico o fato,
E mágico o momento, o ato,
De somente admirar você.




Cacau Rodrigues

APRESSADA


Você,
Apressada,
Sempre apressada,
Me deixa parada,
Abobada,
Sem graça,
Com vontade de nada.
E você apressada,
Rindo de nada,
Da minha cara amassada,
Dessa hora marcada
Que te leva de mim.
Apressada,
Linda,
Apressada,
Mais ainda,
Apressada sim,
Apressada,
Apressada enfim.
Correndo,
Apressada,
Indo,
Apressada,
Sumindo
Na esquina,
Apressada,
Em direção ao dever
Que te chama.
E você,
Apressada,
Esconde,
Mas volta,
Também apressada,
Pros braços deste alguém que te ama.
Tenho pena de mim,
Porque a mulher que eu amo
Só vive assim...
Apressada.



Cacau Rodrigues

TOCAIA


Caia,
Deixe sangrar os teus pés,
A tua boca de carnes vermelhas,
Deixe entupir de areia
As tuas orelhas;
Caia,
Se deixe cair.
Nem tente sair.
Caia,
Que eu vou ficar de tocaia,
Vou bater na tua cara,
Quando você negar que me ama.
Ah, eu vou te fazer rir de nada,
Fazer você de namorada,
Surpreender você na cama.
Eu vou abrir a porta dos teus medos,
Revelar-te os teus segredos,
Mandar embora teus fantasmas;
E exorcizar os teus demônios,
Para que eles possam tomar cachaça comigo
À luz de um luar totalmente perdido,
Feito para te alucinar.
Caia no chão do desespero
De fugir, negar, ficar no destempero,
Por saber que agora
Você não poderá correr de mim.
Saia do não,
Caia diante do sim.
Você já não nega o que quer,
Mas tem medo de tudo.
O que te assusta é essa coisa
De estar presa no mundo de outra mulher.
Caia na real, meu bem!
Caia!
Eu só estou aqui de tocaia porque você quer!



Cacau Rodrigues

A SAUDADE BATEU EM MIM


Bateu saudade do seu sorriso,
Bateu saudade da sua voz,
Bateu saudade desse seu olhar lindo,
Bateu saudade dos contras e prós.
A saudade hoje bateu em mim demais.

Eu hoje apanhei da saudade
Como quem toma um nocaute,
E até fui à lona.

Vibrei com um quê de maldade,
Imaginado a saudade
Azucrinando você nessa hora.

Eu daria tudo pra saber!
Eu daria o mundo só pra ter você.

Xinguei como quem dá uma topada,
Ri como quem ouve uma piada,
Chorei descontrolada
Pois não possuía nada.

E no telefone a mensagem,
Um recurso, pra dizer a verdade,
Da maldade que é viver sem você
E apanhar da saudade.



Cacau Rodrigues