sexta-feira, 17 de julho de 2009

DIVINA DAMA



DIVINA DAMA


Divina dama!
Divina luz que o refletor emana!
Como é vermelho esse vermelho
Que me incendeia e chama!
Como é patético um clientinho bosta
Quando ama!

Muquifo de nobreza,
Que lugar de pobre natureza;
Tanto faz pra mim
Se é mau gosto ou beleza.
Levo uma rosa murcha
Pra consumir minha princesa,
Venho aqui pra ir além.
E eu encanto do meu jeito,
Pelos cantos, do meu jeito;
Faço cara de quem matou alguém.

Num cabaré todas as figuras são assim:
Desenhos de bandidos,
Esboços de ‘fudidos’,
Retratos de nós mesmos.
Cara, jeito e história de ninguém.

E eu, a bandida, como a deusa,
Em meio à fumaça e as putas de um corredor.
Molhando o sexo e os dedos,
Sem corriolas nem segredos,
Vou sozinha nessa missão de quase amor.
A língua suave, embora rígida,
Habilidosamente incha
O grelo da distinta de tesão.

E ela não vai com todo mundo,
Gosta de um tipo vagabundo,
Que vira homem quando ela quer.
Por trás eu meto o brinquedo,
Na dita brinco com meus dedos,
E faço da vadia qualquer coisa
Parecida com uma mulher.

E depois de ser um lixo singular,
Num contexto que não dá nem pra falar,
A divina dama sabe da hora de brilhar,
E nem andar ela consegue.

Mas ao adentrar no salão
A divina dama embriaga,
Se mostra numa dança rara,
Pára o mundo numa só situação.
E de antemão,
Como fosse pra evitar a confusão,
Rapidamente se retira;
E faz esse amontoado inútil e bobalhão,
Sem sentimento ou razão,
Ficar na mão,
Deixando o alívio pobre dos otários
Pelo chão.



Cacau Rodrigues

2 comentários:

Desnuda disse...

Divino poema!

Beijos, querida!

Cacau Rodrigues disse...

Valeu, minha Divina Desnuda! rs

Obrigada mesmo!

Bjs.