A poesia sumida
Vai ficar pra toda vida
Na lembrança da poeta.
Falava de um cigarro,
Um olhar perdido na Fumaça,
Um sorriso breve reticente,
Um cruzar de pernas diferente,
Um reflexo perfeito no vidro da porta,
Que dava a dimensão nítida
De todos os movimentos daquela mulher adorada.
As manhãs passaram a ser mais bonitas,
O sol brilhava mais,
A chuva só dava mais emoção aos encontros,
Em momentos com uma voz
Que só tirava a minha paz.
E então vieram os beijos,
Os abraços,
Os desejos assumidos,
Os corpos percorridos,
Movimentos enlouquecidos,
O amor sentido,
trocado,
Colado,
Roçado,
Molhado,
Preparado pra explodir
Em prazeres sem vergonha e sem noção.
Mas o pra sempre também acaba.
E incomodada com os olhares
De quem suspeitava e comentava,
Ela disse nunca mais.
Hoje o que existe
É uma saudade triste,
Que traz lembranças,
Faz lambanças,
Exaurindo a poesia
Esquecida em qualquer lugar.
Não há mais como amar,
Não há mais o que falar.
Ficou a imagem do olhar na fumaça,
Do reflexo dela no vidro da porta,
E tudo mais
Que eu trago comigo,
Na dor desse amor que não passa.
Cacau Rodrigues
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