Estou de volta.
Fui, fui até onde meu sorriso já não aparecia;
Fui até onde meus pés, descalços ou não,
Me faziam correr em agonia;
Numa correria ao abismo da alucinação.
Mas estou de volta.
Mas estou de volta.
Não vou dizer que não sinto saudade.
A liberdade me chama de volta pra lá,
Essa solidão de casa às vezes é pior;
Um cigarro no canto da boca compondo um visual,
Digamos silencioso e reflexivo;
Os pensamentos dessa criatura merda,
Que nada faz pra mudar seus instintos,
Que nada quer, a não ser seus instintos,
E sofre.
Eu sinto saudade de umas e outras;
Não das bebidas,
Mas das devidamente comidas,
Que eu deixei no passado.
Podem rir, porque esse é o drama.
Sim, na falta da vulgaridade explícita
De algumas camas,
Fico aqui lembrando o que fora
Meus medos e vendavais.
Ninguém estava lá no sonho que eu tive essa noite.
Meus fantasmas são ocupados demais
Pra me satisfazerem os desejos de lembrança.
Rio um pouco, mas às vezes cansa.
Sou meio babaca, meu bem!
Eu sinto muita falta,
Mas na maioria das vezes
Nem sei de quem.
E Maria Helena onde andará?
Por que lembrei disso agora, meu Deus?!
Minhas palavras são minhas,
Eu bem que podia mudar.
Mas eu prefiro maltratar os papeis;
Eu prefiro recordar a sujeira lúdica
De alguns motéis.
Afinal, moquifos existem pra deixar lembranças...
Drogas existem pra provocar lambanças...
De repente me deu uma vontade de divagar bem devagar...
Adoro uma tortura delirante numa madrugada brilhante!
Vai lá, meu bem!
O cara caiu na estrada!
De cara no asfalto, nem sonho nem nada!
Muito pó na cara...
E um corpo estendido na curva empoeirada.
Que vida maldita, meu bem!
Só mesmo quem volta sabe o valor que isso tem.
Cacau Rodrigues
8 comentários:
Econtrei seu blog quando fazia uma pesquisa sobre poesias com o tema ¨carioca¨. Admiro quem consegue falar tão bem sobre os sentimentos a ponto de criar um cenário completo na nossa imaginação. Meu blog não é sobre poesias, mas eu escrevi uma, que acabei publicando (em setembro, no blog). Chama-se ¨Férias em Brasília¨. Sinto que devo despreocupar-me com a lógica ou razão, após ler seus poesias. Talvez eu fique muito ligada nelas... Ana
bem confuso para mim.
Acho que é a primeira vez que não entendo algum de seus textos, no geral. Mas também, com a confusão que encontro na minha mente, é fácil compreender o por quê.
Carolina, não sei que tipo de confusão vc estava passando em novembro de 2010, mas eu entendo sua confusão. Esta é uma poesia mto pessoal, e eu estava divagando mesmo. Minha vida anda tão complicada, com problemas de doença em casa, que tive vontade de voltar à minha loucura do passado. Sei lá, às vezes a paz não tem tanta paz assim. E foi o que descobri quando fiquei em paz. Mas foi só um texto que retratava passagens dos meus pensamentos, também confusos naquele momento.
Tenho textos novos, mas ando tão enrolada que nem tenho tido tempo de postar. Pra vc ver.
Obrigada pelo carinho.
Bjs!
Ana, vou ler sua poesia.
Obrigada pelas palavras, valeu?
Olha só, a lógica e a razão poéticas, na verdade, vivem meio que mascaradas por uma coisa chamada inspiração. A sensibilidade de quem lê é o grande segredo do sucesso de uma poesia. Pode ter certeza que, ainda que nas entrelinhas, toda poesia tem lógica e razão. Todo poeta quer ser entendido. Mas realmente quem escreve não deve se preocupar mto com isso. É preciso deixar fluir. Quem ama poesia, e é dotado de sensibilidade, com certeza vai compreender tudo. É bem verdade que nesta eu não tive a preocupação em ser ou não clara. Eu, como disse aí pra Carolina, apenas fui escrevendo, e descrevendo, sentimentos e passagens da minha mente naquele momento. Escrevi pra mim, mas publiquei. Acho que é isso.
Espero que tenha gostado de outras.
Grande beijo!
Obrigada pela resposta! Ela foi muito esclarecedora. O que disse sobre despreocupação com lógica e razão foi um elogio. Seguirei lendo suas poesias. Feliz 2011!
Ok, garota! Eu sei que foi um elogio!
Só quis te explicar o que significa pra mim essa coisa de escrever, a partir do seu comentário.
Sabe, ando afastada por problemas de doença de minha mãe. Mas continuo escrevendo, graças a Deus! E vou me organizar pra continuar postando aqui.
Obrigada mais uma vez.
Grande beijo!
Melhoras para sua mãe!
Obrigada, Ana.
Obrigada pela atenção.
Postar um comentário